Horas

Que horas são?

No seu relógio é um tempo

No meu, outro.

Para mim, pode estar próximo

Para você, já passou.

A vida é uma contagem de tempos

Um acúmulo de pontuais, adiantados e atrasados

Mesmo assim, nunca dá tempo de nada.

O que ele não tira da gente

É esse estar bobo de contente

Quando o coração está certo do que sente

Sim, são minutos que se esmigalham em segundos

Mas a vida contou naquilo que aconteceu.

Não olhei o relógio, olhei seus olhos

Não ouvi o ponteiro avançando, apenas nossa conversa

No meu pulso, a palma de sua mão, me puxando

O seu sorriso maroto me faz sentir um garoto

E tudo que começa, já vai tão depressa

Não há tempo que meça

Tuas, minhas, nossas novas horas.

Claus Jensen | Blumenau/SC | 23h05

Você é minha convidada

Quando sair, apague a luz e tranque a porta do tempo.

Deixo lá, guardados com carinho, tudo que foi:

Mágoas, tristezas, remorsos, alegrias e saudades.

Do que me deixou prá baixo mas que me ensinou a subir

Do que me deixou lá encima e sei que não posso ter de novo.

Na casa dessa vida, há muitos quartos

Cada um com sua própria decoração.

Quadros e retratos de tantos e tantos lugares, festas e rostos sorridentes.

Já nas gavetas, de preferência em poucas,

Caixas de lágrimas, potes de mágoas e envelopes de desilusões.

Sei que existem, mas também lembrá-las, não melhorarão o sabor de viver.

Já os bons momentos darão gostinho de quero mais.

Meus planos incluem uma ampliação de espaço

Mais quartos, mais quadros, menos gavetas.

Você é minha convidada para a sala de ESTAR e FICAR.

Claus Jensen | Blumenau/SC

Salas ocultas

Espalhadas pelas terras de silício da net,
Erguem-se pequenas e grandes salas,
Habitadas por seres frágeis ou caçadores hábeis.
Nomes estranhos pipocam e saem,
Cada um em busca de alguém que também busca.
As primeiras palavras são técnicas.
Medidas, cronologia, situação civil, cor de tudo.
Depois de se manifestar a presa perfeita,
Começam a se flechar corações ou simplesmente intenções.
Algumas são verdadeiros encontros,
Outros verdadeiras subtrações e exclusões.
Almas que sufocam em seus mundos reais
Libertam-se de seus mundos conflitantes.
Surgem revelações que se escondem até de quem se confia
Bi's e homo's vão atrás daquilo que a moral imoraliza
Há também lágrimas por recentes perdas.
Diria que é nos chats que o mundo é muito mais real,
Porque corresponde ao que acontece nos meandros de nosso ser
Lá somos quem somos e deixamos de ser o que não somos.
Talvez, precisamos aprender a viver em um mundo mais real,
Tirar mais máscaras, abrir mais janelas para refrescar nossas intenções
Por enquanto, só me resta, virar mais um habitante
Carente e subnutrido das salas ocultas.

Claus Jensen | Blumenau/SC | 19h10

De A a A

Muitas distâncias são menores do que acreditamos ser

No ser humano, hum ano, são 365 dias

Mas cada dia parece o mesmo.

Acordar, tomar banho, se barbear e ir

Cada caminho é um encontro de vidas

Que se unem,  procriam e algumas desunem.

Por isso, quando te vejo, me uno ao que sinto

Mesmo que apenas sua imagem me libera a imaginação

Sei que haverá a hora que estaremos de um A  ao outro A distantes

Se as letras que a completam estejam escritas em milímetros

O movimento suave de seu rosto em meu pequeno quadrado da web

Mal iluminado, mas ascendendo uma vontade maior

De possuir esse sorriso, ser o escudo do que te faz chorar

Envolver tua mão e te dar de presente meu calor.

Claus Jensen | Blumenau/SC | 21/08/09 - 21h27

Uma ligação e puff!

A luz da manhã brilhou radiante sobre o horizonte

Admirei toda a beleza da paisagem de nosso mundo perfeito.

Uma ligação e … puff! Bastou, para tudo se desligar.

Em segundos … um eclipse? Não, a escuridão total.

A luz não existia mais, mas os elementos ocultos,

os verdadeiros monstros mexiam suas correntes

e soltavam seus uivos.

Haviam muitos seres … seja por isso … seja por aquilo.

Tateei para achar algum fósforo, algum entendimento

E o doce amar alguém, virou amargo.

Sigo com o gosto de fel e de uma fruta imatura na boca

Naquele novo ciclo, de coisas invisíveis, negras

apenas enxerguei, que seu brilho não era de ouro.

Minha riqueza se reduziu à pobreza de antes.

Mas em algum lugar, brilha minha flor de ouro,

e sua última pétala dirá: bem me quer!!

Continuarei semeando meu pó de ouro até germinar a verdadeira.

Daí finalmente serei milionário, bilionário, trilionário

de felicidade.

Claus Jensen | Blumenau-SC | 21/8/09 - 13h20

Germinando.

Foi como segurar um copo de crystal

que explode e se fragmenta pelo corpo.

Não há movimento que eu faça,

onde não sinto um pedaço seu no corpo.

Sua falta arde da dor de querer o que aconteceu

ontem, antes e o que não pode ser agora.

Seus cacos cortaram minhas células, chegaram ao sangue

e se espalharam pelo meu sistema frágil, sem resistência assolados pela carência.

Ando dolorido pelo presente que as horas insistem em afastar.

Meus sentimentos à ti se cristalizam na mesma medida do medo.

Quero dizer “te amo”, mas nós só nos germinamos em 8 dias,

estará à altura de gerar tais frutos, só porque vemos as flores?

Mas quando meu único recurso é sonhar contigo,

lembrar cada instante vivido, entre obstáculos e vitórias,

expectativas e sonhos,  nãos e sims, beijos e abraços,

que os cacos viram cactos sob minha saudade.

Em Gênesis, diz que o mundo foi feito em 7 dias.

E eis que houve luz, habitou-se um sentimento entre 2 seres,

que se alimentaram da maçã germinada, proibida

e assim espero, sejam condenados a serem felizes, por ousarem.

 

Claus Jensen | Blumenau-SC | 20/8/09 - 23h11

Me dê seus elementos, que lhe devolvo com magia.



A lógica diz que não

A razão dá razão à lógica

Mas foi o coração que andou teimando

Queimando por alguém

Achei que minha sorte mudou

Seus ventos mexeram minha embarcação

Ondas me elevam e deixam lá embaixo

Que tesouros trazes dentro de ti?

Moedas ou gripe espanhola?

Enriquecerá nossos novos dias?

Ou me contaminará e assim me deixará sem vida à deriva?

Como marinheiro que se ilude com a terra prometida

Quero me sujeitar às suas tempestades

À sua geografia, sua alma, seus encaixes

Há uma fusão à sua espera

Me dê seus elementos, que lhe devolvo com magia.

Claus Jensen | 15/8/09 – 23h48 | Blumenau/SC