Ontem a noite

Não sei o que devo sentir
Porque o que sinto, incomoda.
Foi assunto de meus quereres
Na intensidade que já me proibi de ter.

Espero sua vinda sem esperanças de tê-la
Sua passagem apenas fez valer respirar esse dia
Essa sua beleza interna dá brilho à externa
Returbinou aquele desconforto no estômago

Onde será nossa linha divisória,
Entre a carência e uma fagulha de sentimento?
Aliás, me desculpe por tudo isso.
Sei que construo uma bomba dentro de mim.

Se você tivesse previsto que eu moro no meio de um oceano
Sobre uma casa de palafitas cheia de cupins
Não teria entrado nela para desequilibrá-la.
Mas agora, você já é minha tempestade e bonança.

Claus Jensen
Blumenau/SC | 25/7/2010 - 12h


Para se inspirar enquanto lê a poesia: John Illsley - Streets of Heaven


Certezas

Estava certo de algumas coisas,
Que depois me deixaram em dúvida.
E descobri que estava errado no que era certo.
O que sabia era que a dúvida
É a única forma de descobrir certezas.

Certeza é uma palavra mentirosa
Porque nem de que amanhã estaremos aqui
Há absoluta garantia.
É mutante e paralisante
Porque nos rendemos à uma única resposta.

Descobri que não acreditava mais na fé ancestral
Descobri que o amor vive no dia a dia, não no altar
Descobri que o saber não está nos mais cultos
Descobri que para realizar sonhos não posso acreditar só no que vejo
Descobri que os futuros mortos ainda posso sentir vivos agora ao meu lado.

Devo à falta de certeza as novas músicas que curti
Às novas pessoas que amei, mesmo que as perdi
Às risadas e cantorias daquele porre de que tudo esqueci
Ao abraço de meu filho, cujas contas pelo seu sustento não fiz
Tem muita coisa que fiz e tinha certeza que não faria.

Claus Jensen
Blumenau/SC | 20/7/2010 - 20h45

Ex-vazio

Hoje, apenas o ar
O invisível, a pulsar
Nada que se possa tocar
Só sentimentos a vazar

Agora, esse maciço vazio
Me tira a cor da vida
Pesa o insuportável
Amarra meu próximo passo

É ao mesmo tempo um sino que toca
Na vila chamada existência
Convocando meus seres à guerra
Contra a inércia e a autodestruição

Amanhã, desejarei novos territórios
Colorirei minha alma de inspirações
Costurarei asas de risos para os pesos
E leve, caminharei para a conquista de minha paz

Claus Jensen
Blumenau/SC | 1/7/2010 - 2h06